quinta-feira, 11 de abril de 2019

Luciana



Ela estava cansada pra caralho, de tudo, de todos, dela mesma... Tudo o que queria era não sentir, não pensar... O alcool já não ajudava mais nessa tarefa, a garrafa de whisk praticamente vazia ao seu lado só trazia más recordações de um tempo onde procurou a auto destruição, e quase a encontrou... A verdade é que não podia fugir de si mesma, sexo com estranho, desejos obscuros, bebidas e drogas, mas sempre que acordava no dia seguinte lá estava ela, com todo o barulho em sua cabeça... No ar pairava a fumaça do cigarro, sempre mais do mesmo... Ela não sabia mais onde procurar e pra ser sincera, a esta altura já não sabia bem o que procurava..
"eu sou só uma garota fodida em busca de paz interior" pensou Luciana, mas ela não conseguia dizer com o que essa paz era parecida... Tudo que queria era um jeito de entorpecer tudo o que sentia, já que as respostas pareciam nunca fazer sentido...

sexta-feira, 20 de março de 2015

Vanessa



Ela acendeu um cigarro, e tragou lenta e profundamente, estava sentada no chão de sua casa, o copo de whisky ao seu lado, quase vazio...
Ela não se importava se bebia demais ou fumava em excesso, tudo que queria era ter a mente vazia...
Fazia algum tempo que ela tentava se esquivar de todos os problemas, não pensar neles por um tempo era quase como não te-los, mas no fim do dia eles sempre estavam lá, deitando com ela, acordando com ela, Vanessa já estava acostumada com todos eles, quase conseguia fingir que não existissem, mas sempre havia algo, e hoje não podia ser diferente...
Um atropelo de sentimentos, de culpas e culpados... Sim ela podia aguentar como tudo o mais
Só tinha uma coisa, nada sumia com um simples pedido de perdão, tudo estava sempre lá, no começo e fim de todos os dias...

PS: não pode ser Luciana, porque ela só não se importaria, e não pode ser Amanda, porque ela não gosta de whisky...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Goya



Ela estava se despindo em frente a um cliente, lentamente, exalava sensualidade, seus olhos eram de lince e nunca deixavam os dele, que pouco a pouco se excitava, ela parecia totalmente focada em sua tarefa, primeiro um botão, depois outro, e assim por diante, revelando cada pedaço de tentação que era sua pele, um pecado capital, sim, parecia que toda sua alma estava ali, porém, a verdade é que isso era sua atividade diária, já fizera isso tantas vezes que se tornava algo quase mecânico, já não tinha mais aquele medo como foi da primeira vez, ou a ansiedade da segunda, ou o empenho da terceira, não, agora ela já conhecia todos os passos dessa dança, e a realizava com maestria.
Como quem tem phd em sedução, ela fazia de tudo isso algo tão natural que era impossível errar, o segredo eram os olhos, a maioria das pessoas achavam que era seu corpo perfeito, a pele branca e perfeita, os peitos do tamanho certo, ou a perna grossa, mas não, e ela soube disso desde a primeira vez, isso fez dela tão perfeita em seu trabalho, e enquanto terminava de tirar a última peça ela pensava o quão poderosa podia ser uma mulher que sabia usar os olhos...

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Luciana



Era madrugada, estava frio, e ela caminhava pela rua, pelo meio da rua, onde a luz batia mais forte, onde os carros não ousavam passar àquela hora, ela não tinha medo, era amiga da noite, acostumada a estar sozinha... Honestamente? Ela até preferia... É lógico que tinha amigos, muitos deles, mas nesse leve estado de embriagues que se encontrava gostava de não precisar pensar, em nada, em ninguém, ou em tudo ao mesmo tempo, sem medo das próprias lembranças...

 Luciana não tinha vergonha de ser quem era, trabalhava, se sustentava, mas não deixava que isso lhe tomasse todo o sabor da vida, do whisk, da cerveja, nem das bocas de desconhecidos que encontrava pela noite, a maioria com o gosto do cigarro, o cheiro de cinzas, e o sabor da liberdade, de quem aceita a vida sem medos, sem julgamentos, de quem não sabe o que é essencial, mas não perde tempo pensando sobre isso, Luciana tinha os sapatos molhados pela poças da chuva, o cabelo bagunçado, a solidão como companhia, mas também tinha o sabor da liberdade...

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Goya




Meias pretas 7/8, um vestido tubinho, simples, discreto, mas que nela, se tornava a porta para os maiores sonhos de luxúria, Goya era assim, com seus cabelos longos e vermelhos conseguia transformar qualquer deus pagão em um mero mortal implorando pela sua companhia.

Eram 15hs, ela dirigia um sedan preto, tinha um cliente para atender. "As pessoas pensam que meu trabalho é noturno, se enganam, acham que o pecado anda apenas pelas sombras da noite, quanta inocência, a qualquer hora do dia tem um homem me ligando contratando um serviço completo, incluso adultério, lúxuria e ganância"

Ela ligou o som, um jazz, e dirigiu sorrindo para seu destino, cada cliente era um novo desafio, e ela adorava isso, agradecia por não ser divina, se tivesse que queimar, seria no inferno, e definitivamente, não ia ser hoje...

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Luciana



Ela estava tomando banho, tinha um encontro, mas para falar a verdade nem sabia ao certo porque aceitara - era algo sobre os olhos dele, como a desafiavam, uma inteligência, não, era uma sabedoria que a intrigava.

O local do encontro era em uma cafeteria da cidade, quando ela chegou, ele levantou-se, sorriu e lhe ofereceu a mão.
- Aceita um café? - perguntou ele, que estava vestido com calça jeans, camiseta, e um blazer por cima.
Logo ela percebeu o tipo dele, galanteador, confiava no seu sex appeal e acreditava no seu poder sobre as mulheres, porém, naquela noite, ele parecia especialmente nervoso.
"Será que sou só mais jogo para ele? Foda-se, se for, vamos jogar então"
Durante esses segundo em que ela o encarou o sorriso dele pareceu um pouco inseguro, então ela finalmente sorriu e aceitou o café e a cadeira que ele havia puxado para ela.

Conversaram por um tempo incalculável, era impossível se entediar com ele, música, filosofia, e até para o incrédulos que acham que política não se discute, este foi um dos assuntos da tarde, em algum momento ela começou a chamá-lo de "Poeta".

Então ela sentiu que estava perdendo o controle, sentiu de súbito uma vontade de fumar, levantou-se e sugeriu irem até um bar para continuarem a conversa e beberem algo mais forte do que o café.
-Vamos Poeta, a noite pode ser uma criança, vamos causar um estrago nessa cidade infernal!
- Claro Luciana, como você quiser, conheço um lugar ótimo, que sempre frequento, sou amigo dos garçons e copos estão sempre cheios, o que acha?

Ela aceitou.

Com o sangue já quente por causa do whisk ela se sentia mais livre e dona de si, ele também bebia, mas memso assim não se deixava perder o contorle.
- Vamos Poeta, deixe de ser careta - disse ela tirando o blazer dele.
Ele apenas sorriu, meio cínico, meio divertido e segurou a nuca dela, com certa pressão, um sinal claro de que ele desejava manter o controle sobre ela.
- Vamos embora daqui Luciana!
- Ao meu apartamento então.
- Sem dúvidas!

Quando chegaram, ele a jogou na parede, a beijou e repentinamente a largou, ela o encarou em dúvidas, ele apenas disse:
- Essa noite não querida, quem sabe um dia desses...

Ela riu e o xingou de alguma coisa irrelevante, se despediram, ela fechou a porta, colocou um vinil para tocar e  preparou mais uma dose de wiskh, ser dispensada era novidade, teve uma noite com sonhos estranhos, algo sobre uma festa em Sodoma...

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Luciana



Ela acendeu um cigarro e sentou nos degraus de sua casa, olhou ao redor e viu tudo em uma perfeita bagunça, tragou uma, duas três vezes seu cigarro, tudo em um eterno silêncio.

"Foda-se tudo isso" Pensava ela, mas se lhe perguntassem, o que afinal era 'tudo isso', ela jamais saberia responder. "Talvez, toda essa gente deva se foder, já estão cegas mesmo, como não percebem o mar de hipocrisia que o mundo está?"

Ela olhou para o cigarro em sua mão, as cinzas sujavam o chão, ela não se importava, colocou-o no degrau e, no meio de todo o caos, interno, e externo, se levantou para pegar uma cerveja gelada, o calor acabava com Luciana e ela precisava de uma distração, enquanto abria a long neck, se lembrou de como a tecnologia havia acabado com a felicidade, hoje tudo era uma desculpa para parecer mais feliz, enquanto na verdade tudo mundo estava mergulhado na mesma merda até o pescoço
"Inclusive eu" Disse Luciana em voz alta, para ninguém, para todo mundo, e somente para ela mesma.

Quando voltou a pegar seu cigarro, percebeu que ele já tinha queimado inteiro, ali mesmo no chão.

"Tudo bem, eu gosto mesmo é das filosofias baratas, de botequim, e nesse mundo, sempre se tem um cigarro a mais..."

ela se deitou no chão, ali mesmo, e pelo resto daquela tarde ociosa ficou na companhia do silêncio.