segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Você não lê mais o meu blog, eu sei disso, eu sinto isso, eu quis isso... eu quis, por que não podia conviver só com suas migalhas... queria você por inteiro, mas não pude ter... então, tentei me afastar de você, que burrice a minha... não sou assim tão forte, e depois tentei te afastar de mim, e finalmente consegui, então é isso meu querido, Adeus? Logo nãos nos conheceremos mais, mudaremos o cabelo, amansaremos as feições, apagarei seus gostos e suas músicas. Vamos envelhecer pelas mãos, não andaremso mais segurando-as... Riscarei o nosso trajeto do mapa.
Tropeçarei sozinha em meus suspiros, procurando me equilibrar perto das paredes. Esquecerei suas taras, suas vontades... vou mudar o cabelo, falar mais baixo... Meus dias serão mais longos sem seus ouvidos. Não acharei minha esperança nas gavetas das meias. Seus dentes estarão mais colados, mais trincados, menos soltos pela língua. Ficarei com raiva de seu conformismo. Perderei o tempo de sua risada. A dor será uma amizade fiel e estranha. Não perceberei seus quilos a mais, seus quilos a menos, seus bocejos e vontade de durmir o tempo todo... Vou cumprimentá-lo com a cabeça e não terei apetite para dizer coisa alguma. Não olharei para trás, para não prometer a volta. Não olharei para os lados, para não me ameaçar com a dúvida. Adeus, meu amor, a vida não nos pretende eternos. Haverá a sensação de residir numa cidade extinta, de cuidar dos escombros para levantar a nova casa. Adeus, meu amor. Não faremos mais briga em supermercado, nem festa ao comprar um livro. Não puxaremos assunto com estranhos. Não receberemos elogios sobre nossas afinidades. Não tocaremos os braços nos filmes, não olharemos as vitrines em busca de presentes. O celular permanecerá silêncioso. Nunca descobrirei ao certo o que nos impediu, por que desistiu primeiro, porque não teve paciência de compreender. Só os ossos têm paciência, meu amor, não a carne? Não encontrará vestígios de minha passagem no futuro. Abandonará de repente meu telefone. Na primeira recaída, procurarei o número na agenda. Não estava lá, não se anota amores na agenda. Na segunda recaída, perguntarei o que faz aos conhecidos. As demais recaídas serão como soluços depois de tomar muita água. Adeus, meu amor. Terá filhos com outras. Durmirá com outras. Desviará de assunto ao escutar meu nome. Adeus, meu amor.

(Texto inspirado no orignal de Fabrício Carpinejar).

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