Hoje ela estava com aquele nó na garganta em que só uma dose de whisk poderia desmanchar...
Ela tragou o cigarro que estava em sua mão, e ficou olhando a doce fumaça azul subindo, como poesia, como arte abstrata, olhou para o que restava dele em sua mão, e então, pensando apagou-o no cinzeiro... O tempo estava frio, começo de outono, o frio chegando sem a desagradavel sensação de ar seco...
Luciana se levantou e colocou Creedence no rádio, Who'll Stop The Rain tocava agora... Ela foi até a sua última gaveta, retirou-a do lugar e em seu escoderijo pegou a última garrafa de whisk que lhe restava depois que Caio resolvera tomar conta de sua vida, colocou-a em cima da mesa da cozinha, a mesma onde estava o cigarro que jazia no cinzeiro... Ficou ali sentada olhando-a...
"Meus sentimentos são como esse whisk, engarrafado, trancado, envelhecendo durante 32 anos"*
Ela se levantou e foi lavar o rosto, ela havia vencido a tremedeira, os enjôos, e irritabilidade a algum tempo já, não colacaria tudo a perder agora, mas não jogou o whisk fora, por via das dúvidas guardou de novo em seu lugar secreto...
"Eu não preciso de alcool, preciso de uma Rivotril - riu ela - Caralho, eu sou uma porra de uma viciada"
Nesse momento Caio entrou, ele havia visto toda a cena, e ela soube disso no momento que ele olhou para ela, ele apenas abraçou-a em silêncio...
"Ele não está tomando conta da minha vidinha de merda, está apenas cuidando de mim..."
*Inspirado na frase de Érbio Felipe
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